Carlos Evangelista

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SOCIOLOGIA: uma breve abordagem sobre os fatos sociais de ontem e de hoje

PUBLICADO POR CARLOSEVANGELISTAJOR ⋅ 11 DE NOVEMBRO DE 2013 ⋅ DEIXE UM COMENTÁRIO

sociologia

SOCIOLOGIA – ciência criada no século XIX.
Na época, tinha o objetivo de reestabelecer a ordem social perdida com os novos problemas sociais criados pelo capitalismo. Hoje, a sociologia estuda os problemas sociais criados pelo capitalismo com o objetivo de entendê-los e explicá-los, e não mais para solucionar a crise das sociedades.
“Nem sempre as pessoas puderam contar com a ciência para entender o mundo”.
Grécia antiga:
A Escola Sofista – século V a.C. através de Sócrates, Platão, Aristóteles e outros pensadores filósofos – dava atenção aos problemas sociais e políticos da época.
Idade Média
Predomínio do pensamento religioso imposto pela Igreja Católica, a qual não tolerava explicações racionais (científicas), sobre a sociedade.
Renascimento – século XIV
Os renascentistas Leonardo da Vinci, Michelangelo di Lodovico Buonarroti, Sandro Botticelli e outros, começaram a questionar o mundo de maneira reflexiva, ou seja, rejeitavam tudo aquilo que seria parte da cultura medieval, e que poderia estar preso ao pensamento religioso.
Doutrina do antropocentrismo – o homem (o ser humano) passa a ser visto
como o centro de tudo, inclusive do poder de *inventar e transformar* o mundo pelas suas ações.
Iluminismo – século XVIII
Teve início na Inglaterra e França, mas posteriormente espalhou-se por toda a Europa, tendo a características de combater o estado absoluto, valorizar a ciência e a racionalidade com reflexão sistemática sobre as sociedades. No Iluminismo os principais pensadores foram François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, que defendia a razão e combatia o fanatismo religioso. Jean-Jacques Rousseau, que defendia a democracia e Charles de Montesquieu que defendia a criação de poderes separados – legislativo executivo e judiciário – para dar mais equilíbrio ao Estado.
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Com a consolidação do capitalismo e revolução industrial no século XVIII, estes dois importantes acontecimentos geraram grandes mudanças na organização da vida das pessoas. As cidades da Europa Ocidental começavam se transformar em grandes centros urbanos comerciais e posteriormente, industriais. Os artesãos “perdiam sua qualificação profissional e o controle sobre o que produziam. Pois a indústria era quem ditava que tipo de profissional precisava ter. Novas e grandes invenções estavam sendo realizadas no campo tecnológico, como as próprias máquinas a vapor das indústrias, e o comércio mundial estava aumentando cada vez mais. Em meio a isto, duas classes sociais emergiam: a burguesia, composta pelos empresários e banqueiros, portanto, dona dos meios de produção e classe proletária ou assalariada, que detém a força de trabalho.
Portanto, é a partir de todas essas mudanças que a Sociologia começa a ser pensada como uma ciência que virá para dar respostas mais elaboradas sobre os novos problemas sociais resultantes da nova sociedade industrial que surgia.
SENSO COMUM E PENSAMENTO CIENTÍFICO
Senso comum são respostas ou soluções simples que damos aos problemas do cotidiano, geralmente são pouco elaboradas e sem um conhecimento mais profundo. Por exemplo, em tempos passados, era muito comum, quando uma TV apresentava algum problema de sinal, colocar-se uma palha de aço na antena. Essa era uma solução que às vezes resolvia parte do problema, mas em outras situações não era suficiente. Assim, podemos dizer que a palha de aço é uma espécie de senso comum, pois embora ela não apresente um fundamento científico, ela “funciona” para o dia a dia das pessoas.
O educador brasileiro Rubem Alves afirma que o senso comum e a ciência não estão em oposição, pois ambos nos dão respostas para nossos problemas, no entanto, a ciência é um conhecimento mais elaborado e mais aprofundado.
Assim, o senso comum não deve ser rejeitado, embora seja muito importante que você vá além desse conhecimento comum e possa avançar em direção a um pensamento mais elaborado e investigativo sobre a sociedade. Isso irá lhe proporcionar maior autonomia para concordar ou discordar por si próprio sobre as questões que você vive na sociedade.
ALIENAÇÃO
Quando não conseguimos refletir sobre aquilo que vemos e ouvimos, ou se concordamos com tudo o que acontece, então podemos estar vivendo de forma alienada.
Segundo a filósofa brasileira Marilena Chauí, a alienação acontece quando o homem não se vê como sujeito capaz de criar e participar da história, ele é apenas um espectador, dominado pelos acontecimentos da história. O conhecimento é um importante fator que contribui para sairmos dessa condição de dominação, pois nos ajuda a entender o mundo em que vivemos, e assim podermos participar de sua construção e transformação.
TEORIAS SOCIOLÓGICAS
AUGUST COMTE (1798-1857) é considerado o pai da Sociologia, pois criou o termo “sociologia” em 1839. Comte defendia o Positivismo, que é uma corrente de pensamento que acredita na superioridade da ciência e na possibilidade dessa ser utilizada para organizar a ordem social e o progresso da civilização moderna. Para ele, este seria o objetivo principal da Sociologia. No entanto, Comte apenas iniciou essa discussão, que teve continuidade em outros autores que vieram posteriormente.
ÈMILE DURKHEIM (1858 -1917) prosseguiu o trabalho de August Comte, no sentido de dar à Sociologia um caráter de ciência e propôs um método de investigação da sociedade semelhante ao utilizado pelas ciências biológicas, ou seja, a observação, a experimentação e a manipulação dos fenômenos. No entanto, para a sociologia é muito difícil manipular ou reproduzir um acontecimento social, pois estes não se repetem de forma igual. Durkheim entendia a sociedade como um grande organismo vivo, cujas partes devem cumprir suas funções para que o corpo permaneça em estado de saúde. Se algum dos elementos falhar no cumprimento delas, o corpo da sociedade entra em estado de anomia, que seria uma espécie de doença. Vem daí a denominação da teoria Funcionalista.
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Fatos sociais – para Durkheim, um fenômeno social é objeto de estudo da sociologia quando ele constitui-se num fato social. As características dos fatos sociais são:
Coletivo ou geral – significa que o fenômeno é comum a todos os membros do grupo.
Exterior ao indivíduo – acontece independente da vontade individual.
Coercitivo – os indivíduos de certa forma são “obrigados” a seguir o comportamento estabelecido pelo grupo. Exemplos: casamento, festas de formatura etc.
Segundo Durkheim, as ações das pessoas não acontecem por acaso, mas são influenciadas pela sociedade. A partir desse pensamento Durkheim desenvolveu uma longa pesquisa sobre o suicídio, buscando provar que esse constitui-se num fato social, e não individual como somos levados a pensar. Sobre esse tema dividiu o suicídio em três categorias:
Suicídio Altruísta – ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que ele mesmo, ou seja, os laços que o unem a sociedade são muito fortes. Exemplo: “os homens -bomba”.
Suicídio Egoísta – ocorre quando alguém se desvincula por conta própria das instituições sociais para viver livre, sem regras. A falta total de limites pode levar esse indivíduo ao suicídio, caso ele não consiga realizar todos seus desejos.
Suicídio Anômico – este tipo ocorre quando as parte do corpo social deixam de cuidar ou de atender ao indivíduo. Exemplo: quando uma família abandona o idoso, ou o doente, ou o filho.
A Organização da Sociedade
Durkheim afirma que existem duas formas básicas de organização das sociedades. Uma, baseada na solidariedade mecânica e outra baseada na solidariedade orgânica.
Solidariedade mecânica – presente nas sociedade em que existem poucos papéis sociais, os indivíduos vivem de forma semelhante e são ligados por crenças e sentimentos comuns. Todos devem agir buscando o bem estar do grupo, portanto qualquer atitude “individualista” logo é percebida e corrigida pelos demais membros. Exemplo: a organização da vida nas aldeias indígenas.
Solidariedade orgânica – é típica das sociedades modernas, em que existem muitos papéis sociais. Pense na enorme quantidade de tarefas e atividades que há numa grande cidade. Durkheim acreditava que deveria haver muita cooperação entre todas as pessoas que exercem essas atividades como se fosse um grande organismo. Mas nessas sociedades, o grau de controle diminui sobre cada uma das pessoas o que levaria ao individualismo, ou ao egoísmo como denomina Durkheim, que seria para ele uma das maiores expressões de anomia do mundo moderno. Como ele comparava a sociedade a um grande corpo social, a solução para este problema seria realizar o diagnóstico e medicar.
O fato social, segundo Durkheim, consiste em maneiras de agir, de pensar e de sentir que exercem determinada força sobre os indivíduos, obrigando-os a se adaptar às regras da sociedade onde vivem. No entanto, nem tudo o que uma pessoa faz pode ser considerado um fato social, pois, para ser identificado como tal, tem de atender a três características: generalidade, exterioridade e coercitividade.
Coercitividade – característica relacionada com o poder, ou a força, com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos que a integram, obrigando esses indivíduos a cumpri-los.
Exterioridade – quando o indivíduo nasce, a sociedade já está organizada, com suas leis, seus padrões, seu sistema financeiro, etc.; cabe ao indivíduo aprender, por intermédio da educação, por exemplo.
Generalidade – os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um único indivíduo, mas para todo um grupo, ou sociedade.
Essa seria a função da sociologia: encontrar as partes que não estão funcionando de acordo com as regras sociais e buscar o “remédio adequado” para a devida inserção no atual sistema capitalista.
Fontes:

http://www.sociologia.seed.pr.gov.br

http://www.infoescola.com.br

Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

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