Carlos Evangelista

Carlos Evangelista

você está lendo…

UNCATEGORIZED

QUARESMA

PUBLICADO POR CARLOSEVANGELISTAJOR ⋅ 31 DE MARÇO DE 2023 ⋅ DEIXE UM COMENTÁRIO

Tags:

Assombros, Boatos, Lobisomem, Medos, Superstição,

Conto – Carlos Evangelista                      

        Não se sabe se é “lobisomem”, homem tarado ou o que pode ser. Acontece que nos últimos três anos um “bicho” muito esquisito anda apavorando algumas famílias do povoado de Boa Esperança, especialmente as moças donzelas.

        Segundo certas vítimas, durante a quaresma, e na calada da noite, um “vulto estranho” costuma adentrar casas e bolir com moças e adolescentes que dormem sozinhas nos quartos.

        Ludianara, uma menina de dezesseis anos, se diz vítima do agressor e dá alguns detalhes para o robustecimento dessa história. Disse ela que certa feita veio de São Paulo passar as férias por aqui. Visitou parentes, conhecidos, fez amigos, se divertiu. Como era costume, dormia sozinha no quarto da casa da sua irmã casada.

        No silêncio da madrugada fria, acordou sobressaltada, parecia que um “bafo” tomava conta do quarto. Achou que não era nada, voltando a pegar no sono. Não tardou muito sentiu um leve toque em seu nariz, pensou ser um mosquito ou qualquer coisa parecida; cobriu a cabeça ressabiada, até conseguir retornar o sono.

        Apavorada, Ludianara ficou quando sentiu mãos estranhas deslizando seu corpo já seminu. O “bafo” quente agora se misturava a sussurros bem próximos aos seus ouvidos, ordenando para que ela ficasse quietinha que nenhum mal iria acontecer, coso contrário ela seria agarrada à força.

        Desesperada e trêmula, a menina soltou um grito bem alto, acordando a irmã, o cunhado e as três irmãs que dormia na casa. O assombro, ou tarado, pulou a janela, saltando o muro da residência, para o espanto da cachorrada e da vizinhança. Porém, naquela noite ninguém conseguiu identificar o “vulto perverso”. Soube-se contudo, no dia seguinte, que outras mais quatro casas já haviam sido invadidas pelo “caderudo”. Houve até quem dissesse que ao relar a mão na cabeça do “assombro”, na hora do desespero, confirmasse tratar-se de um indivíduo sujo, com unhas compridas, peludo, de odor insuportável e têm cabelo pixaim desgrenhado.

        Precavidos, os pais de moças virgens reforçam os refúgios das donzelas, optando sempre por uma companhia noturna, principalmente durante a quaresma.

        Autoridades responsáveis pela segurança da comunidade estão mobilizadas na captura do assombro, acreditando a polícia tratar-se de um tarado que logo será preso e condenado.

Carlos Evangelista é jornalista e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este texto reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *