Carlos Evangelista

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CARLOS EVANGELISTA, SOCIOLOGIA DO NATAL, UNCATEGORIZED

NATAL: Paz, Amor e Poesia

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No mundo capitalista o Natal é momento propício para faturar, ganhar dinheiro, independentemente do andar da economia, das crises ou dos acontecimentos sociais. As igrejas enchem costumeiramente de gente. A cidade se enfeita. Campanhas natalinas se multiplicam em prol dos menos favorecidos pela sorte ou pela falta de dinheiro para destinar uma boa quantia aos presentes, comilanças, bebidas, viagens, etc.

Contudo, o poeta tem uma maneira muito particular de ver o mundo, consegue transformar em palavras os sentimentos mais puros, as emoções mais complexas, a sensibilidade comanda seus punhos para descrever o que é o amor, a paz, a verdade, o Natal.

Organiza o Natal

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“Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagui ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? Perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre”.

Carlos Drummond de Andrade

(Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987)

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Poema de Natal  

“Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje à noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente”.

Vinícius de Moraes

Nasceu no dia 19/10/1913, na cidade do Rio de Janeiro e morreu em 09/07/1980

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Chove

“Chove. É Dia de Natal

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés”.

Fernando Pessoa, in ‘Cancioneiro’

Portugal
13 junho de 1888 / 30 novembro de 1935
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Pai Nosso do Natal

Pai-pai Noel nosso de cada Natal
Santificado seja nosso presépio
Venha a nós os vossos presentes
De humildade, sabedoria e caridade
Que seja feita muitas festas
Para o maior aniversariante
Assim com fazemos o nosso…

O brilho da estrela guia
Nos dai hoje, para nos guiar o ano todo.
Perdoai pela nossa destruição das árvores
E dos natais de quem tem fome num
planeta tão cheio de alimento, assim
como a natureza nos perdoa e nos tolera.
Que possamos ser como o anjo Gabriel
Mensageiro da paz e da boa nova,
Como Maria
Dizendo sempre sim para Deus
Livrai-nos das tentações da soberba
Da intolerância da arrogância
E do Natal consumista.
Livrai-nos, também, Senhor
Do esquecimento de seu aniversário
FELIZ ANIVERSÁRIO, JESUS.

(Jarbas Carvalho Marques)

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Nasceu o Rei dos Reis

Quando a estrela de Belém brilhou no céu

Sua luz fez o anuncio e
Avisou aos 3 reis magos
Que o maior dos Reis nasceu

Seguiram sua luz até uma manjedoura
E lhe ofereceram os presentes
A mirra para curar as feridas dos homens
O incenso para trazer a mística e a fé em Deus
O Ouro contido na Salvação do espírito

Neste natal deixe que o Menino Jesus
Despeje sobre você e sua família sua bendita Luz
Cure as feridas, desperte a fé em Deus
E o leve a Salvação Divina! Que assim seja!

(Luís Alves)

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Preces de Natal

Senhor, não permite
que as crianças peçam esmolas
neste Natal!

Enxugue a lágrima da mãe,

cujo filho não voltou,
sara as dores do mal,
sensibilize aquele que até agora
não voltou.

Senhor, que os homens entendam
o significado da estrebaria
como símbolo de humildade,

amor, comunhão.
Senhor,
ouve as orações,
purifica as nossas almas
para que a
mensagem dos anjos
domine os corações.
Amém.

(Ivone Boechat)

 

Oração de Natal

“Quero eu Senhor, neste Natal construir uma manjedoura para cada desabrigado. Quero eu Senhor, neste Natal me tornar uma estrela para orientar os Reis Magos da Paz para cessarem de imediato as violências entre meus irmãos. Quero eu Senhor, neste Natal ter o coração grande e a alma pura para abrigar os que concordam e principalmente os que de mim discordam.

Quero eu Senhor, neste Natal poder presentear o mundo me tornando um ser humano menos egoísta e com mais humildade para pedir menos para mim e contribuir mais para meu semelhante.

Quero eu Senhor, neste Natal agradecer-te por tantas bênçãos, em especial, aquelas que vieram em forma de sofrimento e com o passar do tempo tem construído em meu peito o abrigo seguro de onde nasce a Fé”.

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Neste Natal Papai Noel pode chegar com muitos e muitos presentes. Que todos os presentes sejam o que você sempre quis. Que todos os seus desejos e sonhos, tornem-se realidade com a magia do Natal. Tenha um Natal abençoado.

Fontes:

https://www.youtube.com/watch?v=2GSbzd8_DNs

https://www.youtube.com/watch?v=lUTagKoAyXE

https://www.youtube.com/watch?v=f3iVPMll9Yg

Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

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