Lama tóxica de Mariana: Acidente natural ou crime ambiental?
A lama tóxica oriunda do rompimento da barragem da Samarco, no dia 5 de novembro de 2015, em Mariana, Estado de Minas Gerais, cujo donos são a Vale do Rio Doce e mineração anglo-australiana BHP Billiton, após vinte dias do acidente adentra o mar do Espírito Santo, na pequena comunidade de pescadores denominada Regência; um santuário das tartarugas marinhas e um dos melhores points de surf do país, em Linhares, no Estado do Espírito Santo, segundo informações do Instituto Estadual de Meio Ambiente.
Por mais que os responsáveis pela barragem concordam no amparo às famílias atingidas, indenizações, apoio médico, acordo para não demitir os funcionários da barragem, depósito de R$300 milhões para arcar com os prejuízos humanitários e ambientais, o acidente vai continuar causando danos à saúde das pessoas afetadas, com riscos evidentes de contaminação da água, hepatites, dengue, etc, estando a economia da região também bastante comprometida por anos à fio.
Abalos sismológicos
Fala-se muito da omissão dos responsáveis da barragem por falta de manutenção, ou sistema adequado de alerta à população em caso de acidente, etc. Porém, segundo a Agência Brasil de Comunicação (EBC) a região de Ouro Preto, registrou três pequenos abalos sísmicos no dia do acidente, sendo o maior deles na casa de 2,1 graus numa escala brasileira, duas horas antes do rompimento da ou das barragens.
O tremor pode ter sido uma das principais causas do rompimento da represa em Mariana, na região de Ouro Preto. O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) também registrou os tremores na região de Bento Rodrigues, podendo acarretar novos rompimentos nas barragens de Germano e Santarém, na região.
Acidente ou crime?
Se foi acidente ou crime é preciso avaliar com muita responsabilidade, continua defendendo o Ministério Público de Minas Gerais, além da lamentável tragédia humanitária e ambiental onde ao menos quatro pessoas morreram, 22 seguem desaparecidas e mais de 600 pessoas estão desalojadas. E a avalanche de rejeitos de minérios e componentes químicos segue afetando outros municípios ao longo do Rio Doce, em Minas Gerais e Espírito Santo.
Código de mineração
Todos sabem que a mineração é uma atividade muito danosa ao meio ambiente e à população. É o setor que mais mata, enlouquece e mutila no mundo. Contudo, o Ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, disse que “o código de mineração está em discussão no Congresso Nacional há três anos”.
Certo é que muito ainda precisa ser investigado para responder as muitas perguntas, mas evidente está que todas as grandes barragens brasileiras precisam de rigorosa fiscalização e que o lamentável acidente ambiental de Mariana sirva de alerta às autoridades ambientais e às demais mineradoras que lançam rejeitos de minérios nos principais rios do Brasil.
ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou duramente o governo brasileiro, a Vale e a mineradora BHP pelo que considerou uma resposta “inaceitável” a tragédia de Mariana.
Fontes:
www.agenciabrasil.ebc.com.br/observatorio-sismológico
Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.