Florestas do Brasil: Parte V – CERRADO BRASILEIRO: Savana mais rica do mundo
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e ocupa uma área de 235.448 Km2, cerca de 20% do território nacional. A área contínua do Cerrado passa pelos estados de Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná e São Paulo, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas.
No referido espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica, Tocantins, São Francisco e Prata), resultando em um elevado potencial aquífero que favorece a sua biodiversidade.
O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro.
No Cerrado mais de 220 espécies de plantas tem uso medicinal. É no Cerrado também que se produz mais de dez tipos de frutos que são vendidos nos centros urbanos como: pequi, buriti, mangaba, cagaita, bacupari, cajuzinho do cerrado, araticum e as sementes do baru.
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma que mais sofreu alterações com a ocupação humana. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão. O Cerrado possui o menor percentual – 8,2% – de áreas sobre proteção integral.
Fauna e flora do Cerrado
A fauna do Cerrado ainda é muito pouco conhecida e carece muito de trabalhos científicos, dissertações e teses sobre o assunto. Contudo, no Cerrado são encontradas algumas espécies de aves: andorinhão, beija-flor-tesoura, curiango, quero-quero, gavião-caboclo, urubu-caçador, urubu-rei, seriema, gralha-do- cerrado, curió, azulão, coleirinha, tiziu, joão-de-barro, chupim, sabiá-do-campo, bem-te-vi, araras, papagaios, ema, codorna, perdiz…
Alguns mamíferos do Cerrado: veado-mateiro, queixada, caititu, cachorro-do-mato, lobo-guará, onça pintada, vampiro comum, morcego, tatu-galinha, peba, canastra, anta, preá, cutia, ouriço… Répteis: cobra-de-duas-cabeças, jiboia, caninana, urutu-cruzeiro, jararaca, cascavel, calango, cobra-coral-venenosa, etc.
Cerrado no Paraná
O município de Jaguariaíva, no Paraná, abriga um dos últimos remanescentes de Cerrado no sul do Brasil. Mediante a disciplina de Flora Local/Formações Vegetacionais, graduandos de ciências biológicas e mestrandos do curso de botânica puderam estudar as características e as espécies vegetais existentes no bioma mais ameaçado do Brasil. Ao contrário do que muitos supõem, o cerrado não apresenta espécies xeromórficas, pois o clima se caracteriza por duas estações muito bem definidas (seca e úmida), onde a precipitação anual fica entorno de 1.000 mm. O solo é rico em ferro e alumínio, profundo e argiloso (latossolo), sendo o lençol freático igualmente profundo. Por isso as espécies apresentam sistema radicular profundo. A vegetação herbácea, seca no período de seca constituindo-se o combustível para os incêndios, os quais ocorrem naturalmente nos cerrados. Espécies arbustivas/arbóreas apresentam adaptações especiais para a sobrevivência aos incêndios, os troncos possuem casca extremamente engrossada e folhas espessadas. Relatos indicam que os indígenas iniciavam incêndios no cerrado, para a caça e preparação do solo para a agricultura. O cerrado existente encontra-se preservado, dentro dos limites do Parque Estadual do Cerrado. Neste Parque foi realizado estudo muito relevante sobre a composição florística deste importante bioma brasileiro.
Fontes:
http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado
www.portalbrasil.net/cerrado_faunaeflora.htm
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/biomas/caatinga_-_geologia,_relevo_e_solos.html
www.botanicaufpr/cerrado-no-parana
Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.