PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: 100 ANOS DEPOIS: 1914-2014
Decorridos 100 anos da Primeira Grande Guerra Mundial, cabe uma breve reflexão sobre os motivos e a tímida participação do Brasil.
Conflito social de 1914-1918 terminou com cerca de 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou a agricultura, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.
Para alguns especialistas de guerra o estopim da 1ª Guerra Mundial foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo, na Bósnia-Herzegovina. O império austro-húngaro não aceitou o resultado das investigações e as medidas tomadas em relação ao crime praticado por um integrante do grupo sérvio chamado mão-negra e no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Sérvia.
A partir de então os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares. De um lado havia a Tríplice Aliança já formada em 1882 por Itália, Império Austro-húngaro e Alemanha (a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, já formada em 1907, com a participação da França, Rússia e Reino Unido.
Na verdade havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos. E obviamente, já no início do século XX, havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus, sem falar do descontentamento da Alemanha e Itália que haviam ficado de fora do processo neocolonial, enquanto que França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias ricas em matérias-primas e com grande mercado consumidor na partilha da Ásia e da África.
Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem. A referida corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro. Como se não bastasse a França estava engasgada por ter perdido para a Alemanha a região da Alsácia-Lorena, durante a guerra franco-prussiana, no final do século XIX. Assim a França estava pronta para a revanche a partir da primeira oportunidade.
Brasil na Primeira Guerra Mundial
Com um exército de apenas 55 mil homens e uma marinha que perdera em pujança nos anos conhecidos como República Velha (1898-1930), o Brasil só poderia prestar ajuda simbólica e portanto ao lado da Tríplice Entente, em 26 de outubro de 1917, enviou a Europa não mais que 20 oficiais e uma força médica de cem homens, no combate contra a Alemanha.
Contudo, a tímida participação do Brasil na Primeira Guerra fez mostrar ao mundo, de que lado estava, trocando a influência de Londres para Washington, passando a ter assento no Tratado de Versalhes (1919), documento oficial pós-guerra. Documento este que influenciou e muito o início da 2ª Guerra Mundial.
Somente em 1917, ocorreu um fato histórico de extrema importância: a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entravam ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com a Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Tríplice Aliança a assinarem a rendição e, por conseguinte o Tratado de Versalhes, que impunha aos perdedores fortes restrições e punições.
Vale lembrar que ao eclodir a guerra em 1914, há cem anos, o Brasil tinha sua economia predominantemente agroexportadora e focada no café. Detinha o Brasil quatro quintos da oferta mundial. Venceslau Brás era o presidente do Brasil.
Fontes:
http://www.bbc.co.uk/portuguese
http://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/
Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.