A partir de agora, segundo a ONU, as áreas mais atingidas por falta de água no planeta serão a África, a Ásia Central e o Oriente Médio, locais estes, onde especialistas acreditam que eventuais conflitos se vierem a ocorrer neste século, serão causados cada vez mais por causa da água e cada vez menos por causa do petróleo. Ou seja, a falta de água potável já vem provocando uma guerra silenciosa no mundo.
Assim de chofre você que trabalha, estuda, curte novela, esportes, cinema, baladas, etc., pode até não estar nem aí se faltar água na sua torneira. Mas ainda que o Brasil seja rico em mananciais hídricos, especialistas no assunto alertam para a escassez deste líquido tão precioso, se o poder público e a população em geral não se conscientizarem da importância da preservação e proteção desta fonte de vida.
Basta exemplificar o malabarismo que o governo de São Paulo vem enfrentando este ano, para não oficializar o rodízio no fornecimento de água. Na prática, com o racionamento, a população já vem sofrendo com a falta de água e certamente o governo ainda vai ter que criar mecanismos e obras para bem abastecer as mais de vinte milhões de pessoas de São Paulo e Região Metropolitana.
Segundo técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) o departamento estadual de águas e energia elétrica (DAEE), a estatal paulista de saneamento Sabesp e órgãos municipais, o volume útil do principal reservatório (Cantareira) que abastece a grande São Paulo, desde fevereiro deste ano já não vence atender a demanda devido a falta regular de chuva, em face da estiagem que vem agravando a situação. Para tanto, entre as medidas inúteis e ilegais, utiliza até o uso de avião monomotor para “bombardear” nuvens sobre o reservatório Cantareira na tentativa de “forçar” a chuva, além de redução de 30% sobre o valor da conta de água para quem reduzir o consumo em 20%, reúso, idéia de ligar o sistema Cantareira a outros reservatórios de água para compensar a vazão reduzida e a proposta de multar em 30% sobre o valor da conta de água quem aumentar o consumo em relação ao mês anterior. A ANA pede “postura” mais proativa” dos governantes. A responsabilidade dever ser coletiva.
Certo é que você de São Paulo ou visitante, percebe de cara que a situação é grave e que o racionamento de água já é uma realidade. Oxalá que nos próximos anos não venha se agravar em outros estados do Brasil, pois todos sabemos que água já começa valer mais que petróleo.
Águas oceânicas: 97%
Água doce: 3%
Distribuição de água no Brasil
Sabemos que na América do Sul está localizado um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, conhecido como Aquífero Guarani, que possui uma área total de aproximadamente 1, 2 milhão de Km2 e passa pela Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil, sendo que sua maior parte está concentrada no território brasileiro, passando por oito estados: Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porém, a deteriorização do aquífero pode se dar em função do aumento do volume sugado e do crescimento das fontes poluidoras.
O Aquífero Guarani apresenta um grande potencial hídrico capaz de promover um grande abastecimento público eficiente e dar suporte para o desenvolvimento das atividades industriais, agroindustriais e turísticas e sabemos também que além de ser o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, o Aquífero Guarani é vantajoso porque essa água é filtrada e purificada naturalmente o que determina excelente qualidade, dispensando tratamento prévio, além disso, não ocupam espaços em superfície e sofrem menor influência das variações climáticas.
12% da água doce do planeta está no Brasil.
O Brasil tem 12% das reservas de água doce do planeta, o que deveria lhe garantir uma situação privilegiada no cenário mundial. Mas a falta de tratamento adequado para esse bem tem o tornado cada vez mais escasso. Os motivos são: exploração exagerada, despreocupação com os mananciais, má distribuição, poluição, desmatamento e desperdício são alguns dos fatores que comprovam o descaso com este recurso.
Atualmente, em São Paulo e outros estados, o crescimento
desordenado das cidades e a ocupação de áreas de preservação ocupadas por luxuosos condomínios ou não, prejudicam a água do país, sem falar da falta de saneamento básico que vai tudo para o rio mais próximo. O que dizer dos loteamentos clandestinos? E os detritos industriais que torna a água imprópria para o consumo, obrigando as empresas de abastecimento a realizarem um pesado tratamento antes de distribuí-la a população.
12 grandes bacias hidrográficas do Brasil
A partir de 2003, o governo federal passou a classificar a rede hidrográfica brasileira em regiões hidrográficas que podem abrigar uma ou mais bacias hidrográficas. O Brasil possui 12 grandes regiões hidrográficas sendo que só a bacia amazônica detém cerca de 80% da água doce do Brasil, seguida das bacias do Rio São Francisco, Tietê, Paraná e outras com menores volumes, o que evidencia a falta de água potável em diversas cidades do país, culminando na conta de água cada vez mais cara.
É verdade que a preocupação com água alcança níveis mundiais até porque já é considerada um dos recursos naturais que vem sofrendo escassez provocada pelas mudanças climáticas. Basta dizer que dados divulgados na Conferência Mundial sobre Água, realizada em agosto de 2007, em Estocolmo, revelam que em 2025, a falta de água atingirá 1,8 bilhões de pessoais no mundo e que dois terços da população também serão afetados pela escassez do recurso. Os motivos são dentre outros algumas substâncias tóxicas depositadas no meio ambiente, provenientes principalmente de fossas sépticas, aterros sanitários, agrotóxicos usados nas lavouras e depósitos de substâncias industriais, estão contaminando vários aquíferos no mundo.
Em 2070, a falta de água também será sentida no centro sul e sul da Europa, afetando até 45 milhões de pessoas.
Diante do exposto, a ONU prevê que até 2050 o planeta sofrerá por razões de falta de água para abastecimento. Então, há uma urgente necessidade para a comunidade global, setores públicos e privado de unir-se para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade da água nos nossos rios, lagos, aquíferos e torneiras.
Fontes:
www.ana.gov.br
www.redebrasilatual.com.br
www.unric.org/pt/informacao-sobre-a-onu
www.mma.gov.br/agua/item/8617-aquifero-guarani
Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.