COPA DO MUNDO: Que fenômeno sócio esportivo é este?
Nós sabemos que em época de Copa do Mundo o Brasil para: em dia de jogo alunos são dispensados das aulas, trabalhadores se reúnem diante de grandes telões e pausam suas obrigações para assistir às partidas, as ruas são pintadas, muita gente coleciona figurinhas das equipes, as camisas oficiais da seleção são muito mais procuradas, assim como aumenta a vendagem de TVs, buzinaços nas cidades… Enfim, em época de Copa só se fala em Copa e só se pensa em Copa!
Historicamente, a Copa do Mundo surgiu como fruto do antigo Torneio Olímpico de Futebol em 1924, na França, organizado pela FIFA. O sucesso do evento foi tão grande que se pensou em eleger o melhor time internacional de futebol a cada quatro anos, independente dos Jogos Olímpicos.
Obviamente que não é apenas de futebol que vive a Copa do Mundo: economia e política também fazem parte do pacote! A escolha do país-sede do evento ocorre a partir de acordo entre investidores provados e instituições governamentais, a partir de interesses políticos e econômicos comuns. Além disso, a tensão da realização do mega evento é tão grande que a FIFA tem recorrido a coberturas financeiras contra possíveis cancelamentos de Copa do Mundo. Um exemplo que ficou bastante famoso foi o da Copa de 2002, ocorrida no Japão e na Coreia do Sul, em que a FIFA se assegurou contra cancelamentos decorrentes de terremotos ou de instabilidade política. Isso porque os interesses envolvidos num evento do nível da Copa do Mundo de Futebol são muito maiores do que o simples amor pelo esporte. Mas é claro que isso acontece por parte de quem organiza.
“A Copa do Mundo faz com que nós, nas Nações Unidas, morramos de inveja. Como o único jogo realmente global, praticado em todos os países, por todas as raças e religiões, é um dos poucos fenômenos tão universais quanto as Nações Unidas. Podemos até dizer que é ainda mais universal. A FIFA tem 207 membros. Nós temos 191.(…)” Trecho retirado de artigo escrito por Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, para a Folha de São Paulo, em 09 de junho de 2006.
O parágrafo anterior resume a ideia do fenômeno que é a Copa do Mundo: o trecho destacado compara a FIFA (Federação Internacional de Futebol) às Organizações das Nações Unidas, órgão mundial cujo objetivo principal é o de mediar as relações internacionais, tendo a paz como meta. Ora, a ONU, o órgão mais importante da comunidade internacional tem menos membros do que a FIFA: esse é um dado alarmante. Isso faz com que tomemos consciência de que não temos consciência real do significado deste torneio.
1930- Primeira Copa do Mundo no Uruguai
A primeira Copa aconteceu em 1930, no Uruguai. A escolha pelo país se deveu em virtude de o Uruguai ser considerado o melhor time na época, por ter vencido o Torneio Olímpico duas vezes consecutivas. A primeira Copa do Mundo ainda havia sido organizada nos mesmos moldes dos Jogos Olímpicos, em que apenas uma cidade oferecia as instalações esportivas. A partir da segunda edição, em 1934, tornou-se regra distribuir os jogos pelo país que sedia o evento.
Copa de 1934
Esse foi o campeonato em que a política exerceu uma força bastante significativa. O país-sede dessa Copa foi a Itália, que também ganhou o campeonato e fortaleceu ainda mais o argumento fascista de Mussolini, de superioridade de sua “raça”;
Apesar de tentar se afirmar como “raça superior”, a seleção italiana não era tão superior como se pretendia. Utilizaram reforços sul-americanos para compor a equipe, que se naturalizaram a convite de Mussolini. O brasileiro Filó jogou com seu sobrenome Guarisi. Além dele, os argentinos Monti, Guaita e Orsi também compunham o time;
Copa de 1938:
– A primeira transmissão mundial da Copa, por meio de rádio, aconteceu nesse ano. Como é esperado de uma tecnologia inovadora (e era para época), muitas vezes o sinal de transmissão falhava, impedindo o acompanhamento total da partida.
No Brasil, a primeira transmissão à cores na TV, foi em 1970, no México, quando ainda no Brasil só rico tinha TV colorida.
Copa de 2014
Neste momento (12 de junho à 13 de julho) em que a disputa vai ser realizada no Brasil, envolvendo 32 países, diferentemente de 1950, quando o país possuía uma tímida infraestrutura e um time razoável de “peladeiros” (sem salários) a realidade brasileira neste momento é outra: O país construiu novos e modernos estádios, dotou as doze cidades- sedes de infra estrutura capaz de encherem os olhos dos visitantes, ainda que em meio a muitos desafios econômicos, desigualdades sociais e protestos.
Nesta edição os jogadores recebem salários estrondosos, as chuteiras são multicoloridas, o povo insatisfeito protesta na frente dos estádios e a polícia em prontidão mantém a ordem e a segurança das seleções é garantida pelo Exército Brasileiro.
Bom mesmo é saber que o lado de quem torce não tem economia e não tem política: o espectador quer ver o seu país vencer. E de preferência, com futebol bonito. É só quando vemos um país inteiro parar para ver um jogo de futebol na televisão que conseguimos compreender o fenômeno universal que é a Copa do Mundo. Então que vença a melhor seleção. Oxalá que seja o escrete canarinho.
Fontes:
http://www.copa2014.gov.br/…/conheca-os-detalhes-das-32-selecoes-participa..
http://www.easportsfifaworld.com/pt_BR
Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.