Carlos Evangelista

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CARLOS EVANGELISTAREGIMES DEMOCRÁTICOS

Socialismo/Comunismo/Anarquismo: O povo vai às ruas

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Imagine que você tenha nascido em 1789, primeiro ano da Revolução Francesa, em Paris, na França. Hoje aos 225 anos de idade, teria passado por duas monarquias, duas repúblicas, dois impérios, quatro revoluções, nove guerras, uma ditadura militar, até ao hoje governo socialista/comunista do PT e outras tantas siglas que abocanharam principalmente a América do Sul.
Transformação social
Lá, em 1789, diante da miséria da maioria da população europeia, surgiram várias propostas para alterar as formas de organização da sociedade. Tal qual a população brasileira na atualidade, onde os trabalhadores pagam impostos exorbitantes para sustentação de uma corja de políticos corruptos que todo dinheiro quer para a manutenção e ostentação na cômoda doçura do poder.

A necessidade de mudanças
Os avanços obtidos pela Revolução Industrial e pelas ciências eram comemorados como grandes conquistas da humanidade. Com as mudanças sociais e políticas trazidas pelo liberalismo, passou a haver mais debate político e respeito às leis. Alguns filósofos e pensadores, porém, consideravam essas mudanças insuficientes, pois, apesar de conduzirem a uma igualdade política e jurídica, não promoveram igualdade social nem econômica. Desses questionamentos nasceram as teorias socialistas e anarquistas.
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Os primeiros socialistas
Provavelmente a palavra socialismo foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1827, em um artigo de jornal que defendia a ideia de que os trabalhadores só obteriam benefícios com a radicalização das conquistas democráticas. Ainda não havia uma teoria socialista, mas sim a vontade de ampliar as conquistas democráticas alcançadas até então. Vários pensadores e políticos apresentaram propostas de uma ampla reformulação para superar os problemas sociais.
Claude Henri de Rouvroy (1760-1825), mais conhecido como conde de Saint-Simon, foi um teórico francês de origem nobre. Saint-Simon dividia a sociedade em “produtores”, ou seja, aqueles que participavam das atividades produtivas (industriais, operários, sábios, artistas e banqueiros), e “ociosos”, isto é, nobres e clérigos. Para ele, o poder político devia ser confiado aos produtores mais eficazes. Também acreditava que a transição para a nova ordem social se basearia na cooperação pacífica e que, com a incorporação dos “ociosos” à sociedade industrial, o conflito social teria fim.
Robert Owen (1771-1858) era inglês e empresário. Desejava mudar a sociedade por meio da criação de cooperativas de produtores e consumidores e pela educação de todo o povo. Owen melhorou as condições de trabalho e de salubridade em sua própria fábrica, diminuiu a ornada de trabalho, prestou assistência aos trabalhadores e às crianças e criou cooperativas de consumo para os operários.
Charles Fourier (1772-1837) era francês e filho de comerciantes. Propôs a criação dos falanstérios, ou seja, comunidades autossuficientes financiadas com dinheiro público ou privado, em que cada uma receberia conforme a sua capacidade de trabalho, e onde as pessoas viveriam de forma cooperativa. Fourier via o socialismo como uma fase final da história humana, quando os problemas sociais estariam superados.

Socialismo e utopia
Os primeiros socialistas foram muito criticados, pois suas propostas não levavam em conta as dificuldades concretas de implementá-las, podendo ser colocadas em prática apenas em condições muito especiais.
Para Friedrich Engels (1820-1895), pensador alemão do século XIX, a transformação social proposta por Simon, Fourier e Owen era uma verdadeira utopia, porque só seria alcançada por meio de uma ação voluntária, realizada pelas elites, que teriam de concordar em perder boa parte de suas propriedades e privilégios em troca do bem-estar comum. Segundo Engels, isso nunca ocorreria; por isso, ele classificou esses pensadores como socialistas utópicos.
No entanto, várias ideias dos socialistas utópicos foram aproveitadas pelos futuros pensadores socialistas, como Karl Marx (1818-1883) e o próprio Engels, para elaborar outras propostas de transformação social.
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O diagnóstico crítico que os primeiros socialistas fizeram da sociedade e os limites da democracia implementada com as revoluções liberais dos séculos XVIII e XIX foram muito importantes para construir um novo conjunto de teorias sociais.

Comunismo
Último estágio do desenvolvimento social, segundo os próprios comunistas, caracterizado pela ausência de Estado, pela abolição das classes sociais e pela coletivização dos meios de produção.
O marxismo
O marxismo foi a mais importante e difundida das teorias socialistas, tanto por sua consistência teórica, ao explicar o funcionamento do capitalismo e as desigualdades sociais causadas por ele, quanto por suas repercussões práticas. Deve seu nome a Karl Marx, que contou com a colaboração intelectual e a ajuda material de Friedrich Engels.
Opondo-se às propostas socialistas utópicas, Marx e Engels criaram um sistema que chamaram de “científico”, por considerá-lo racional, pragmático e capaz de alcançar a solução para os problemas sociais. A teoria marxista afirmava existir uma permanente luta de classes na sociedade, responsável por mover a história. Em meados do século XIX, a luta de classes se manifestava no conflito entre a burguesia e o proletariado.
Segundo Marx, o conflito seria resolvido com a vitória do proletariado, ao conquistar o Estado por meio de uma revolução. Uma vez vitorioso, o proletariado instituiria uma ditadura da classe operária, destruiria o capitalismo e estabeleceria o comunismo.
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O anarquismo
Além dos socialistas utópicos e dos marxistas, outra proposta de mudança social surgiu no século XIX: o anarquismo. As ideias anarquistas privilegiavam a liberdade e a justiça e partiam do princípio de que o homem tinha, por natureza, as condições necessárias para viver bem socialmente.
Os pensadores anarquistas, como Mikhail Bakunin (1814-1876), Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e Piotr Kropotkin (1842-1921), recusavam qualquer forma de organização estatal que fosse imposta à sociedade. Segundo as várias correntes do anarquismo, o Estado, o governo e as autoridades eram a origem de todos os males, porque exerciam controle sobre os indivíduos e os impediam de ser livres. A alternativa ao Estado seria substituí-lo por outras formas de associação, autônomas e de caráter comunitário, capazes de gerir a si mesmas.

A polêmica entre Bakunin e Marx
O russo Mikhail Bakunin (1814-1876) foi o principal porta-voz das divergências que os anarquistas travaram com a teoria elaborada por Karl Marx. No texto a seguir, os trechos de Bakunin estão grafados em tipo normal, e os comentários de Marx, em itálico.
“Já manifestamos nossa profunda repugnância pela teoria de Lassalle e Marx, que recomenda aos operários, senão como ideal supremo, pelo menos como objetivo imediato e principal, a instauração de um Estado popular, o qual, segundo sua expressão, não será senão o proletariado erigido em classe dominante. E a gente se pergunta: quando o proletariado for a classe dominante, sobre quem vai dominar? Isto significa que sobrará outro proletariado, submetido a essa nova dominação, a este novo Estado. (Isto significa que enquanto subsistam as outras classes e especialmente a classe capitalista, enquanto o proletariado lute contra elas — pois com a ascensão do proletariado ao poder não desaparecem ainda seus inimigos, nem desaparece a velha organização da sociedade — terá que empregar medidas de violência, isto é, medidas de governo […].)”
A experiência da Comuna de Paris Entre março e maio de 1871, a cidade de Paris viveu a experiência da Comuna. Mais do que qualquer movimento social no século XIX, a Comuna de Paris permitiu a aplicação de algumas ideias socialistas e anarquistas.
Cercada por tropas prussianas desde setembro de 1870, após a derrota na Guerra Franco Prussiana, Paris se fechou e se dispôs a resistir. Mas a situação na cidade se tornou extremamente difícil: a falta de comida, as epidemias e as revoltas populares eram muito frequentes.
Em março de 1871, a população da cidade, insatisfeita com a ação violenta do governo contra as revoltas populares, tomou as ruas, levantou barricadas contra as tropas oficiais e forçou os governantes a fugir. Dias depois nascia a Comuna de Paris.
Durante dois meses, a cidade foi governada por grupos revolucionários. Todas as decisões eram tomadas pela população, em reuniões regulares. O governo da Comuna apresentou propostas revolucionárias de estabelecer o ensino gratuito, obrigatório e laico e de formar associações de produtores para dirigir a economia. A ideia da igualdade entre homens e mulheres, pela primeira vez, foi colocada em ação.
Depois da Comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros parisienses onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da Comuna foi incorporada na memória coletiva dos trabalhadores como modelo de governo popular e serviu para perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.
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O falanstério do Saí
A ideia do falanstério (Comunidade –ecovilas/cooperativas- autossuficiente e intencional, com liberdade plena), de Charles Fourier também chegou ao Brasil, por meio do homeopata francês Benoit Jules Mure). Em 1841, Mure e outros franceses chegaram ao Rio de Janeiro para apresentar ao imperador D. Pedro II o projeto de construir um falanstério no país. Ele possuiria jardins, pátios, galerias, salas, oficinas equipadas, teatro, biblioteca, cinco cozinhas, além de um banco e um sistema educacional próprio. Também previa a construção de máquinas para a industrialização. Mure acabou conseguindo terras na Península do Saí, atual município de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e uma verba para o transporte, a moradia e a alimentação dos imigrantes.
Porém, os desentendimentos entre os colonos franceses sobre a administração do falanstério e a falta de infraestrutura e recursos levaram a experiência no Saí ao fracasso em maio de 1844.
Fontes:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2014/02/1416607-socialismo-e-barbarie.shtml

http://www.moderna.com.br
Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). Este artigo reflete as opiniões do autor. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.


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