Carlos Evangelista

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Evolução Política no Brasil

Posted by carlosevangelistajor ⋅ 10 de junho de 2012⋅ Deixe um comentário

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Evolução Política no Brasil

Enquanto em 1500, os mais de seis milhões de índios dormiam em berço esplêndido nestas terras que hoje chamamos Brasil, na Grécia Antiga (Século V, a.C.) já existia a polis, a ágora, a assembleia e o discurso para definir as ações políticas.

Em 1500, quando o português Pedro Alvarez Cabral, descobriu o Brasil, o italiano Nicolau Maquiavel, durante o período do Renascimento Absolutista analisava a política como ela é, e definiu o ser humano como realista, interesseiro, manipulador e sedento de poder, comparando o grande político a um vampiro de energia, quase um psicopata ao ver seu mandato perdido. Maquiavel afirmava em O Príncipe, 1513, q ue o povo é o maior patrimônio da política, porém já alertava que os puros não se criam na política. Ou seja, manda na sociedade, implementa as decisões, quem tem mais poder e influencia junto ao Estado, que é a coluna central da sociedade. Resumindo, política é um processo de apoio e alianças que visa melhoria à sociedade, através de conflitos entre pessoas, sendo a guerra o conflito político nuclear.

Início da estrutura política brasileira

Colônia de Portugal, do descobrimento até 1808, com a chegada da Família Real, o Brasil sob o forte regime de dominação, pouco ou quase nada representava para o cenário internacional, porém, graças a Napoleão Bonaparte, que obrigou o Rei de Portugal, Dom João VI fugir para o Brasil, começava ser obrigatoriamente, montada uma estrutura política, econômica e cultural no nosso País, culminando em 1822 com a independência do Brasil. Mas o mando político continuou de imposições, privações, autoritarismo e segregação, atingindo neste período o ponto alto da escravidão, sob a égide do império e as truculências praticadas pelos senhores de engenhos, com a proteção do Imperador Dom Pedro II, até 1888, que marcou o fim oficial do período imperial e da escravidão no Brasil, para em 1889 ser implantado o sistema político republicano, sob o comando de generais do exército, ainda saudosos da guerra do Paraguai.

Política do café com leite/ditadura getulista

Com o fim em 1888, do Estado Federal centralizador, após breve experiência militar, a estrutura agrária domina a velha república brasileira até 1924, com a política do café com leite, alternando o poder entre São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, alicerçado na produção de café, leite, algodão e cana-de-açúcar. Mas a quebra da economia dos Estados Unidos em 1929, somada a crise da supersafra, em 1930, teve início no Brasil a revolução política entre Minas Gerais e Rio Grande do Sul contra São Paulo; chamada de aliança de classe, que permitiu ascensão do gaúcho Getúlio Vargas a Presidência do Brasil de 1930 até 1945, e 1951 à 1954, governo marcado pela centralização política, rejeição das ideologias, aliança da burocracia central com as oligarquias regionais, pacote de políticas sociais e nacionalistas e um misto de ditadura populista ao ser considerado o pai dos pobres.

Desta forma, o caro leitor pode observar que de 1500 a 1945 são 445 anos de Brasil sem liberdade de expressão. Saiu das garras do Império, de 1500 a 1888, vivenciou a democracia de oligarquias sustentada pelo coronelismo, durante o período de 1889 a 1930, caiu na ditadura getulista e saboreou finalmente de 1945 a 1964 uma nova estrutura democrática denominada de presidencialismo de coalizão, calcada entre os horrores do fim da II guerra mundial e o sonho desenvolvimentista para o Brasil, a partir de 1956, com Juscelino Kubitschek.

Em meio ao otimismo e incompreensão durante a construção de Brasília, o advento populista de Jânio Quadros, aliado ao radical socialista João Goulart, deixa outra vez os ex-combatentes da guerra finda em polvorosa e sensíveis à luta contra as ameaças, dos radicais aliados simpatizantes comunistas. Com apoio da Igreja Católica, da elite brasileira e apoio dos Estados Unidos, os militares brasileiros promovem o golpe militar em 1964, em nome de uma nova configuração institucional, que afastava o populismo e restaurava a confiança internacional do Brasil para a retomada de investimentos.

Ditadura militar

Ainda que seja considerada por alguns especialistas, uma ditabranda em relação a outros países da América do Sul, a ditadura militar no Brasil, que só terminou em 1985, foi marcada inicialmente por um período brando, até 1967, para em 1968 a linha dura do Exército decretar os anos de chumbo (…), que durou até 1974, quando teve início o período de abertura negociada, lenta, gradual e segura, culminando em 1985, com as eleições indiretas que devolvia o poder aos civis, com Tancredo Neves, eleito presidente e José Sarney vice.

Com a morte de Tancredo Neves do PMDB, no dia da posse, assumiu a presidência José Sarney do PFL, que governou sob regime de transição e revisão constitucional até 1989, quando o Brasil elegeu Fernando Collor de Mello, via eleições diretas, agora sim com a participação do povo, com o fim do bipartidarismo e implantação do pluralismo político. Mas Fernando Collor não resistiu ao tentar promover a abertura política internacional e renunciou, cedendo o poder ao vice Itamar Franco que delegou poder pleno ao seu intelectual ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que conquistou a confiança dos brasileiros ao conter a alta inflação a partir da criação do Plano Real, sendo em 1993 eleito presidente da república. FHC teve como marca do seu governo a concretização da globalização, inseriu o Brasil como zona livre de armas nucleares, além de implantar no País o modelo político neoliberal do bem-estar social, com planejamento de políticas públicas sociais, criação da lei de responsabilidade fiscal, enfrentou inúmeras greves promovidas pela esquerda, até 2001, quando passou a presidência ao petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Collor/FHC/Lula e Dilma-Democracia direta

O governo populista e assistencialista de Lula, 2002-2010 entrou na história da política brasileira, considerado de combate a fome, com politicas públicas redistributivas, tais como bolsa família, vale-gás, minha casa minha vida, defesa dos direitos humanos, alianças comerciais externas, cumpridor parcial dos programas sociais herdados por FHC. Por muito pouco não foi cassado frente aos escândalos de corrupção no seu governo, tais como “valerioduto”, “mensalão” e outros. Contudo, ajudou e muito eleger em 2010 a sua sucessora Dilma Rousseff do PT, que traz no bojo da sua plataforma de governo o combate a corrupção no Estado, defesa dos direitos humanos, pragmatismo ideológico, coalização presidencialista e oportunidade para inserir o povo brasileiro na democracia participativa, diante dos grandes ajustes e desafios que o Brasil tanto carece, como reforma política, tributária, previdenciária e muito mais.

Carlos Evangelista é jornalista (ESEEI) e especialista em Sociologia Política (UFPR). 

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